5 de julho de 2012

Back in style com o Peace Boat!

Bem... nenhuma razão pode justificar a minha ausência, por isso, desculpem.

Falando de coisas bonitas, falta neste espaço o relato de um dos dias mais maravilhosos da minha vida: a visita ao Peace Boat no dia 15 de Junho e a aventura que se lhe antecedeu.

Citando o site oficial, "o Peace Boat é uma organização internacional, não-governamental, sediada no Japão, cujo objectivo é promover a paz, os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e o respeito pelo meio ambiente". Na sua 76ª viagem por cidades asiáticas, americanas e europeias, o barco aportou em Lisboa, sendo esta a oportunidade que tinha de aproveitar para conviver com japoneses e pisar um cruzeiro. Assim foi, graças à professora Yosoi Toda e à minha amiga Maria João. Um grande obrigada às duas. :)




Foi este o programa de festas:


09h20 - Encontro junto ao portão da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. De seguida, uma visita guiada às instalações, e a fusão das culturas portuguesa e japonesa numa sala de aula através do convívio e de actividades. 

13h00 - Almoço num restaurante tipicamente português.

14h30 - Visita turística por Lisboa de autocarro e a pé.

17h30 - Visita ao Peace Boat, com a oferta de um buffet de comida japonesa.


Foi emocionante quando o grupo de quinze japoneses de diferentes faixas etárias chegou (atrasado). Rapidamente foram distribuídos por grupos de dois ou três portugueses, que os acompanhariam durante a sua jornada lisboeta. Comigo, com a João e com o senhor Borges, ficariam duas senhoras já de uma certa idade. Uma delas era a Kyouko Tsukada, a outra não me lembro, mas eram muito simpáticas, embora a primeira fosse muito mais extrovertida do que a segunda.





Durante a visita guiada ao edifício, íamos trocando umas palavritas em japonês (em inglês, não dava). Não me lembro de ter dito tantas vezes, num só dia, wakarimasen ("não estou a perceber") ou hai ("sim"). Por pena ou simpatia, sempre que não entendia o que estava a dizer, a senhora Kyouko mostrava um sorriso aberto e agarrava-me no braço, como quem diz "deixa lá, querida". Uma ou outra frase consegui dizer como deve de ser; o resto foi por gestos. Foram momentos de interacção interessantes, que ainda hoje me fazem rir quando me lembro do quão atrapalhadas eu e a João ficámos em certos momentos. Mas elas eram compreensivas. Tive a prova disso quando, ao chegar a casa, me lembrei do significado da palavra sakka, proferida pela senhora mais velha, curiosa por saber que autores estudávamos. E eu falei-lhe das matérias, por isso, respondi-lhe algo como "comidas", "bebidas", "kanji"...  Ela soltou um "ah..." a sorrir.

Já dentro da sala de aula, em primeiro lugar, assistimos a um pequeno concerto de fado, fortemente aplaudido pelos nossos amigos nipónicos. Tiraram muitas fotos e reparei que a senhora Kyouko gravou um pequeno excerto das músicas com o telemóvel. Depois foi a vez de eles mostrarem um pouco da sua cultura musical. A guia turística tocou piano e os outros cantaram em coro uma música que se chamava "Terra Natal", se não me engano. Foi um momento emocionante, do qual tenho pena de não ter uma recordação palpável. 

Após uma apresentação de colegas sobre a intersecção das culturas portuguesa e japonesa, à medida que se vestiam yukata e se treinava a caligrafia com pincel e tinha preta, pudemos conviver uns com os outros, sem nos restringirmos aos grupos pré-formados. Foram minutos muito agradáveis, aos quais sucederam umas lições informais de vocabulário, em que a expressão em português que eles mais gostaram foi "senta aqui" (mais correctamente falando, "sente-se, por favor").





Eu, a João e o Ryou Kanzaki





Um grande fã de "One Piece", Ittetsu Ijuin




A hora de almoço chegou mais depressa do que estava à espera. Fomos bem servidos naquele restaurante localizado na Avenida de Berna, o "Oh! Lacerda": queijo fresco bem temperado para a entrada; pastéis de camarão e de bacalhau, acompanhados de uma colherzinha de arroz de tomate; carne à portuguesa (as batatinhas eram deliciosas); uma fatia de um cheesecake maravilhoso e um café no final, para rematar. Entusiasmado em demonstrar que conseguia falar português, um dos japoneses vasculhou a mochila apressadamente, com o intuito de encontrar a lista de vocabulário e proferir "é derichioso".

Na visita turística por Lisboa, nós, os portugueses, seríamos os guias. A nossa missão seria levar o nosso grupo desde o Príncipe Real, onde o autocarro nos tinha deixado, até à antiga Casa dos Bicos. Estava calorzinho, por isso, passear na Baixa e visitar uma ou outra loja mais característica daquela zona soube muito bem. Tive pena de não ter conseguido satisfazer a sede da senhora Kyouko em conhecer pormenores históricos daquele lugar. Conclusão: não daria uma boa guia turística.



O Castelo de S. Jorge




Finalmente, a parte do dia por que eu mais tinha esperado: a visita ao cruzeiro e a paparoca de luxo. Confesso que considerava o Peace Boat um pouco maior mas adorei a sensação de estar num hotel dentro de um barco. Havia salas para tudo e mais alguma coisa, e três piscinas, umas delas jacuzzi.



O tecto da recepção (adorei este efeito)



A recepção





Teclados... O paraíso







Tanto vento... A escuridão tinha chegado














O buffet marcaria o final deste encontro maravilhoso. Por serem ementas diferentes, portugueses e japoneses tiveram que se separar, mas foi divertido na mesma porque os portugueses que ficaram comigo eram simpáticos e divertidos (a malta que aprende japonês é fixe e ponto final).



Tofu fresco, coberto com gengibre ralado, cebolinho e flocos de peixe, e edamame (feijões de soja)



Onigiri (estavam maciços e muito bons)





Sopa de miso, a minha perdição



Tenpura de gambas e frango panado



Massa udon com flocos de peixe e legumes


Infelizmente, o tempo estava a escassear, portanto, não houve tempo para acabar a refeição. Rapidamente despedimo-nos, tirámos as últimas fotografias e, do cais, gritámos sayounara, acenando adeus.




Quando é que vou voltar a viver uma aventura como esta? Não sei. Do dia 15, guardo memórias, fotografias e um presente muito especial.



Um amuleto de Okinawa para dar sorte, oferecido pela senhora Kyouko 


E espero que assim seja com os nossos amigos japoneses, que guardem os souvenirs que lhes oferecemos com muito carinho.

Até à próxima, pessoal!

またね、 みんなさん!!